Meu Sócio, Meu Amigo – Como Evitar Atritos Societários - 22 - A Mudança de Interesses é Decorrência da Vida
A MUDANÇA DE INTERESSES
É DECORRÊNCIA DA VIDA
Para a criação da sociedade há necessidade de existir coincidência de aspirações entre os interessados.
Porém, o ser humano sofre mutações em sua vida, em sua vontade, em seus desígnios.
O empresário é gente. Logo, seus humores variam conforme sua idade, desenvolvimento pessoal, profissional e, principalmente, situação familiar.
A idade do sócio e de seus descendentes cria resoluções diversas, tais como gozar sua própria vida, sem maiores dissabores e riscos; prover o futuro de sua prole, e outros.
O mesmo decorre na eventual constituição de outra família – fato que não posso deixar de enunciar.
Tudo isso, em conjunto ou de per si, levam o indivíduo a cogitar de outras prioridades e a repensar suas estratégias de como alcançá-las.
São consequências que atingem a qualquer das partes. Por isso, necessitam de análise.
Mais vale um mal-estar decorrente de um diálogo franco do que um silêncio angustiante.
Em certa ocasião acompanhei os estudos para conciliar conveniências numa empresa composta de vinte sócios. No início, foi ótima a união, porque foi possível obter o capital necessário. Após alguns anos, a coisa complicou: havia muita gente dando opinião.
Surgiram novos interesses; alguns queriam prosseguir, mas sem alocar mais capital e/ou assumir responsabilidades perante terceiros e sem redução das respectivas participações; outros desejavam se retirar com haveres.
Após muitos debates, foram se formando grupos, juntando-se novas colocações. Com grande esforço, transigências e alguma renúncia, foi possível resolver a pendência com os remanescentes pagando os retirantes em condições apropriadas. Apesar de um resíduo de incômodo, foi melhor a solução do que a procura de socorro na Justiça, sempre com a incógnita dos seus olhos vendados.
O importante é o sócio levar ao conhecimento do seu sócio o que se passa consigo, antes de manifestar insatisfação a terceiros.
Quem sabe se seu associado também não queira discutir as próprias reformulações, tudo numa boa?
A transformação sobrevinda a um dos titulares da empresa e não participada ou negociada com os demais, ao contrário, acarreta sérios atritos.
A variação é fácil de ser administrada, quando todos estão atentos.
Já o silêncio do mutante causa desconforto ao seu companheiro, desconfiado com o desinteresse surgido.
E ninguém consegue esconder por muito tempo o desassossego. É perceptível pela conversa monossilábica, a esquiva no olhar, a inconstante presença física e mais outros inusitados trejeitos que os sensores dos que estão em volta captam.
Não se aplica o mote de que a mentira tem perna curta, visto que não é contada. Porém a dúvida é inadministrável.
Recomenda-se que os sócios mantenham o companheirismo, premissa básica da confiança. Persistindo essa boa camaradagem no convívio societário haverá maior possibilidade de se alcançar um novo ajuste, caso algum dos participantes deseje rever a sua postura.
Evitam-se divergências com maior facilidade e, com certeza, prejuízos são minimizados para todos.
4RESUMO DO TEMA
A MUDANÇA DE INTERESSES É DECORRÊNCIA DA VIDA
■ O empresário, como gente, tem humores variados
■ Idade, gozo da vida, futuro da prole alteram o modo de pensar
■ A mudança de interesse deve ser levada ao sócio
■ A razão não comunicada acarreta desconfiança
■ O desassossego não consegue se esconder.
■ A inquietação é inadministrável
■ Manter o companheirismo é premissa básica da confiança. ◄
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Próxima edição:
Meu Sócio, Meu Amigo – Como Evitar Atritos Societários – 23 – 11/05/2012
A MUDANÇA DE INTERESSE E SUA FORMA DE COMUNICAÇÃO
Período de publicação: a partir de 11 de maio de 2012